The Future of Bible Study Is Here.
Sign in or register for a free account to set your preferred Bible and rate books.
NONO SERMÃO: Gênesis 26.23–25
Dali subiu para Berseba. Na mesma noite, lhe apareceu o Senhor e disse: Eu sou o Deus de Abraão, teu pai. Não temas, porque eu sou contigo; abençoar-te-ei e multiplicarei tua descendência por amor de Abraão, meu servo. Então, levantou ali um altar e, tendo invocado o nome do Senhor, armou sua tenda; e os servos de Isaque abriram ali um poço.
Vimos ontem que Isaque, para testificar que no fim sentiu que Deus o socorria, denominou os poços que granjeara pacificamente de dádivas ou recompensas. Ora, pelo quê Moisés adiciona, tudo indica que seu desfrute não durou muito tempo. Pois lemos que ele retirou-se para Berseba, lugar onde Abraão, seu pai, habitara outrora. Sabemos que, se ele não fora constrangido, não teria partido do lugar onde desfrutava de comodidade; pois já não havia nele agilidade que lhe possibilitasse subir e descer, daqui para ali, não fora aquela necessidade que o constrangia a agir assim. Temos, pois, que aprender que Deus sempre o exercitaria, e que ele não era feliz em habitar na terra de Canaã na qualidade de forasteiro, sem sequer um palmo de terra como seu. Mas, além disso, ele o guiou de um lado para o outro, como já vimos até aqui. Do quê somos ensinados a sermos, por assim dizer, como uma ave que pousa num raminho, que ainda não sabe voar.
E se Deus, nesse caso, nos manteve em nossa fragilidade, que habitamos em determinado lugar e descansamos ali, contudo não devemos fazer aí nosso ninho, como se nosso perene descanso fosse aí. Neste ponto, porém, devemos aprender a viver como peregrinos de passagem, como também Paulo usou a mesma palavra. Pois onde quer que os cristãos tenham seu fundamento e sede, tão estáveis em meio a todas as tormentas e tempestades, que jamais mudam nem variam, não obstante, no que tange à sua habitação, devem sentir-se como peregrinos de passagem sem terem nenhum lugar de repouso, a menos que sejam abrigados, dia após dia, por assim dizer, sob a mão de Deus, e, nesse ínterim, que se preparem para perambular de um lugar a outro, segundo o exemplo de seus pais, que aprenderam, pela experiência, a não ter sua herança aqui na terra, e que confessem ser peregrinos, como veremos mais adiante pela resposta que Jacó deu a faraó.
Entrementes, podemos ver ainda a malícia de todos aqueles vizinhos das imediações. Pois os poços, especialmente os que Abraão adquirira, foram tirados dele depois de sua morte, a fim de que seus sucessores e filhos não viessem a usá-los. Lemos, porém, que Isaque abriu ali um poço; porquanto ele não podia viver sem água, ele e sua família, a qual era numerosa, bem como seu gado. Ele tinha que ir bem longe em busca de água, até que Deus lhe restaurasse aquilo que lhe fora injustamente extorquido. Por isso ele habitou em Berseba por algum tempo, sem água, a não ser que a tomasse emprestada ou a comprasse. No entanto, mais tarde ele achou de novo seu poço, e assim sua vida ficou bem mais fácil do que antes, e Deus não lhes permitiu, por assim dizer, que morressem de sede, lançando mão de sua malícia e assim alcançando seu propósito. Mas, seja como for, Deus o ouviu, não no primeiro impulso. Temos, pois, que aprender aqui o que foi mencionado ontem, a saber, que aprendamos a suportar as necessidades, sim, a necessidade de água, e que não achemos estranho que nossos pais fossem testados dessa maneira. E, se Deus nos poupa, que reconheçamos sua bondade neste ponto; e, se ele nos aflige de alguma outra maneira, que sejamos tanto mais capacitados à paciência. No entanto, lemos: “Dali subiu para Berseba. Na mesma noite, lhe apareceu o Senhor” [v. 23, 24].
Aqui, devemos observar aquilo que já discutimos previamente sobre a vida de Abraão, a saber, que Deus lhe apareceu no momento em que tinha necessidade de auxílio e conforto, em razão de seu profundo estresse e tribulações que já havia experimentado. Esta circunstância, pois, é digna de ser analisada, ou, seja, que Deus, vendo seu servo em extrema aflição, lhe deu algum descanso, como ocorre em nossos dias; muito embora não tenhamos tais visões, contudo Deus não cessa de manifestar-se a nós, tão logo percebe que já não podemos suportar, e que sucumbiríamos, a menos que ele estenda sua dadivosa mão para nos suster. Uma vez que somos por demais propensos a deixar-nos afetar pelo revés, concluímos que Deus já se alienou de nós, e imaginamos que ele já nos esqueceu totalmente. Mas, em contrapartida, quando ele nos faz provar seu favor, não importa de que sorte seja, ou, melhor, que ele nos fortalece, e que lutamos valentemente contra todas as tentações, ou, melhor, que ele nos livra dos erros e vexações que praticamos e sofremos, ou que ele nos assiste, por assim dizer, de alguma maneira visível, então eis sua presença, e então descobrimos que ele sempre cuida de nós. Por isso, notemos bem que, quando Deus apareceu a Isaque, significa necessariamente que ele era premido por alguma grande necessidade. Visto que tal coisa não sucede todo dia, por isso aprendamos a manter-nos contentes quando Deus, após haver permitido que fôssemos atormentados, inquietados, atribulados e molestados, por fim se nos revela na qualidade de Pai. E se isso não ocorrer logo, esperemos por ele, como vemos fazer Isaque, que nem sempre recebia um sinal infalível de que Deus o assistia; mas, ao contrário, então se vê totalmente destituído de todo e qualquer socorro; e que, por um longo tempo, e depois de lhe sobrevir alguma miséria, eis que outra segue, como costuma suceder; e, não obstante, ele não fraqueja. E, portanto, sigamos também essa mesma vereda. E, no ínterim, observemos ainda que, mesmo que seja uma única palavra que Deus nos fale, em demonstração do amor que ele nutre por nós, isso nos vale muito mais do que todos os bens que porventura granjeamos; sim, se tivermos que comer e beber até fartar, e isso com toda excelência, ainda quando não houver ninguém a nos apoquentar, ainda quando tivermos descanso de todos os lados; em suma, ainda quando tivermos tudo quanto nosso coração deseja. Se o mundo proceder assim conosco, é certo que não devemos nutrir por ele estima demasiada, ainda quando tenhamos este testemunho de que Deus nos é misericordioso. Pois, suponhamos que um homem mergulhou em todos os prazeres e desfrutou de todas as comodidades do mundo e a quem nada faltava, contudo, se ele não conhecia o que significa comunhão com Deus, se não tinha noção de qualquer doutrina, nem de promessa, então estará sempre, por assim dizer, em dúvida se suas comodidades acabarão ou não; e se ele se sentir tão inebriado nesse estado, que chegar a imaginar que sua prosperidade ainda permanecerá consigo, o que virá depois de toda sua felicidade neste mundo? Até quando durará esta vida?
Assim, pois, todas as bênçãos que porventura nos sobrevenham nada são, nem podem ter qualquer bom resultado, a menos que sejamos assegurados do favor divino. Mas, em contrapartida, quando apraz a Deus declarar-nos que ele nos ama, e que estamos sob sua proteção, que não podemos perecer, que ele nos toma pela mão e que somos mantidos e guardados por ele, é isso que deve fazer-nos felizes, ainda quando tudo mais nos falhe. Assim, pois, qualquer que seja o sinal que Deus deu a Isaque de que ele o contemplou com compaixão, isso nada era em comparação com o que Moisés recorda agora, a saber, “que Deus lhe apareceu”, a fim de que sua aliança permanecesse entre os dois, e fosse tanto mais ratificada, e que para ele estava tudo resolvido ali, de tal maneira que lhe seria um escudo a aparar todas as tentações. Aqui, porém, em primeiro lugar temos de observar que esta era uma visão a preparar Isaque, para que a palavra que lhe fosse dada fosse recebida com a máxima reverência e autoridade.
Ora, esta visão foi um sinal de que Deus falava; e isto foi sempre mui necessário. Pois sabemos como o diabo se esforça muito para seduzir-nos por meio de ilusões e vãs fantasias. Quando, pois, os pais eram ensinados para que nutrissem uma plena certeza de sua fé, a majestade divina se lhes manifestava, da qual tivessem alguma infalível impressão. Pois se fossem assistidos só pela palavra, teriam como que um som no ar sem qualquer estabilidade. Portanto, não é supérfluo dizer Moisés que Deus se mostrou e se declarou a Isaque. Pois era necessário que Isaque soubesse e fosse inteiramente persuadido de que a palavra que ora ouvia procedia do céu, e para que ele descansasse nesse fato, que era uma verdade indubitável, na qual ele não fosse ofendido. É verdade que Deus é invisível, e não pode ser compreendido, e tão longe está de o abrangermos com os olhos, que, se aplicarmos todos os nossos sentidos aí, é certo que nunca atingiremos sua sublime majestade. A essência de Deus, pois, sendo infinita, não pode ser vista pelos homens, mas isso não impede que ele se revele até onde nos for conveniente e segundo aquela pequena medida que ele pôs em nós. Assim, sempre que lermos que Deus apareceu aos antigos pais, isso mostra não que eles pudessem compreender toda sua essência e majestade, pois isto seria impossível. O espírito do homem é muito rude, porém ele se mostrou até onde pudessem suportar, a saber, até onde ele via ser-lhes proveitoso. Sim, e se Deus pusesse sua glória a descoberto ante nossos olhos, por certo que isso nos esmagaria. Digo que, se tivéssemos uma maior medida de entendimento do que temos, e se nosso espírito pudesse compreender cem vezes mais do que compreende, contudo ainda ficaríamos tão aturdidos ante a glória de Deus, e ainda ficaríamos totalmente confusos. Convém, pois, que Deus leve em conta nossa capacidade de suportar, quando lhe apraz manifestar-se a nós. E, portanto, observemos como se deve tomar a palavra que Moisés usa aqui, isto é, que Isaque, para poder assegurar-se mais da promessa que lhe fora feita, e para que a retivesse como uma promessa autêntica, e não nutrisse nenhuma dúvida de que era Deus quem lhe falava, ele teve algum sinal e marca pelos quais percebesse que não podia ser enganado; que não era alguma fantasia ou alguma leve imaginação, senão que Deus lhe dava uma parca certeza, a que pudesse agarrar-se, de que lhe daria tal descanso por virtude da palavra que seria mais tarde adicionada, luta contra tudo quanto de mal porventura lhe ocorresse. Ora, lemos que Deus o exortou a que não temesse, e ele lhe dá a razão disso: “Eu sou o Deus de Abraão, teu pai. Não temas, porque eu sou contigo” [v. 24].
Já dissemos que Deus, ao dizer, “não temas”, não tinha em vista isentar de todo temor àqueles a quem ele fala. Pois, por mais que os pais fossem vencedores contra todos os desafios que porventura lhes sobreviessem, contudo não eram insensíveis. Abraão foi tentado, porém não foi vencido. Portanto, devemos ter em mente este ponto: que aqueles que se tornavam vencedores pelo poder do Espírito de Deus, não obstante lutavam.
Ora, que porfia ou combate pode haver, a menos que haja algum senso da existência disso? Pois se Abraão não sentisse tal coisa em si mesmo, e se visse em perigo, jamais teria invocado a Deus e jamais teria recorrido a ele, caso não fosse pressionado pelas tristezas que ora experimentava, e jamais teria apresentado a Deus seus rogos e queixas, para que fosse desvencilhado e aliviado delas. Assim, pois, não devemos imaginar que Deus quisesse que fossem destituídos de todo e qualquer senso a quem ele disse: “Não temas”. Mas isso se deu para que fiquemos tão radicados nele, que não temamos sem medida como costumamos ser, a menos que descansemos em Deus. Pois o mais leve sopro de vento, vindo do mundo, é suficiente para abalar-nos e deixar-nos de tal modo sem saber o que fazer, que não nos é dito que caminho tomar, como lemos de Acaz que temia e tremia com o ruído de uma folha de árvore, e Isaías, para remediar este mal, diz: “Silêncio, fica quieto diante de Deus”. E este é o estilo comum da Santa Escritura. Assim, pois, notemos bem o que esta palavra implica, quando lemos: “Não temas”, isto é, por mais que tenhamos ocasião de temer, e de nos sentirmos perplexos, no entanto devemos resistir e esperar com paciência até que Deus nos socorra, e não permita que tal temor nos oprima e nos sufoque totalmente, mas que nos esforcemos por recobrar-nos e manter a vereda reta. E, a despeito de sermos inquietados e açambarcados aqui e ali, firmemos bem e sempre nossos passos, visto que nos achamos fundados na promessa de Deus. No entanto lemos expressamente: “Eu sou contigo”, para mostrar que, quando temos Deus ao nosso lado, isto deve ser-nos suficiente, ainda quando o mundo inteiro, de modo malévolo, busque nossa ruína, de modo que, quantos homens contemplamos, tantos são nossos inimigos; sim, e é como se todas as criaturas conspirassem contra nós, não obstante é assim que Deus assume nossa parte e nos faz vencer todos os temores. E deveras vemos como o profeta Davi [Sl 3.6, 7] praticou esta doutrina e Paulo igualmente nos deu exemplo disso: “Não tenho medo [diz ele] de milhares do povo que tomam posição contra mim de todos os lados”, assim que vejo todas as mortes do mundo, quando me certifico de que o cajado de Deus me protege. Assim também ele fala no Salmo 23: “Ó Senhor, teu bordão”, isto é, o cajado que estendes no ofício de Pastor (pois ele toma a similitude do pastor que terá seu cajado ou seu bordão para guiar suas ovelhas), de modo que posso ter algum sinal que me garante que tu me incluis em teu rebanho, “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte”, contudo sou confortado. Pois eu me considerarei muitíssimo confortado, de modo que me sinto bem fundado em tua graça. E, mais adiante, em outro texto, ele declara: “Já que Deus está comigo”, desafio a todos quantos vierem me assaltar. O que a carne me poderá fazer, se Deus assume meu lugar (diria ele)? Aí ele escarnece da fragilidade humana, mostrando que Deus, golpeando-os, pode subverter a todos e reduzi-los a nada; e, não obstante, se ele estiver armado com a força do alto, todas as ameaças que porventura o diabo for capaz de lançar contra ele se reduzirão a nada. E isto é o que Paulo nos ensina: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” [Rm 8.31]. Não significa que não teremos muitas coisas contra nós, a despeito de Deus ser o guardador de nossa vida; não obstante, podemos gloriar-nos contra todos os nossos inimigos e contra tudo o que o diabo engendrar contra nós, de modo que Deus nos será favorável. Daí não ser sem causa que esta palavra é expressa para espantar todo temor, ao dizer: “Eu sou contigo; portanto, não temas”.
Ora, da mesma forma como somos ensinados a descansar unicamente na bondade de Deus, e em seu paternal amor, assim, em contrapartida, temos de observar que sem ele seremos sempre como uma pessoa que ainda continua semeando. E isto é também o que tocamos supra, a saber, que, se Deus não nos testificar o amor que ele tem por nós, ainda quando permaneçamos num paraíso terreno, estaríamos num inferno; e, em contrapartida, ainda quando estivéssemos nalgum inferno, ou, seja, nalgum abismo, assim que sentirmos que Deus usa de misericórdia para conosco, e que no fim ele nos será clemente, e nos garantir seu auxílio, então o inferno se converterá sempre em paraíso. E isto é o que temos de observar neste lugar: que, quando um homem não sabe como cultivar em si o respeito por Deus, a saber, ele não consegue ter certeza de que Deus nutre para com ele um afeto paternal, então necessariamente treme e se sente sempre fustigado de todos os lados, e sente muitas picadas a torturá-lo e atormentá-lo, sem saber qual a causa, e que mui amiúde experimentará profunda perplexidade.
Essa, pois, é a situação dos incrédulos; não que não sejam bastante ousados a ponto de sentir aversão por Deus. Pois é como se eles pudessem escapar de sua mão, e que, se ele trovejasse do céu, nem assim poderia atingi-los. Os perversos, pois, e aqueles que são escarnecedores de Deus deveras serão excessivamente ousados em seu orgulho; não obstante, Deus lhes dá alfinetadas no íntimo, de modo que sofram, como alguém diria, assaltos ocultos, sem saberem donde procedem. E, não obstante, é Deus que faz guerra contra eles com sua própria incredulidade. E este é o galardão de todos os que não repousam somente em Deus e não sabem que toda sua segurança, toda sua alegria e felicidade está em que vivam sob sua guarda. Todos, pois, que presumem de sua própria força e virtudes, todos os que de tal modo ocupam suas mentes nestas criaturas terrenas, no fim pagarão o preço de sua própria tola presunção, porque não deram a Deus aquela honra que lhe pertence, a saber, descobrirão que não passam de pobres semeadores.
E, por isso, aprendamos, ainda quando Deus dê todos os nossos prazeres que nos são possíveis desejar, que nada disso teremos se nos afastarmos dele; mas, antes, aprendamos a manter-nos naquele favor e testemunho que temos, no fato de que ele nos adotou por seus filhos, ele se mostrará sempre ser-nos Pai. Quando, pois, formos assim plenamente persuadidos, é certo que venceremos todos os temores; mas, em contrapartida, quando imaginarmos que estamos seguros sem a proteção de Deus, então se faz necessário que ele nos mostre qual é nossa loucura e arrogância.
E isto, em termos breves, é o que temos de aprender neste lugar. E assim enfeixemos estas duas coisas como inseparáveis e que não devem ser separadas: que Deus está conosco, e que vivamos bem seguros contra todo o mal. Pois se ele ficar longe de nós, seremos mais que miseráveis, ainda que vivamos num paraíso, como eu já disse. Mas, quando ele está conosco, ainda quando andemos na sombra e trevas de morte, e pareça que perecemos a cada minuto de uma hora, contudo não seremos privados de nosso conforto, bem sabendo que a morte se nos converterá em vida, e que tudo contribuirá para nossa salvação. Além disso, temos de observar isto: que ele diz ser o Deus de Abraão. Porque, por esta palavra, ele desperta a memória de Isaque em relação a todas as promessas, as quais ele aprendera de seu pai. Se ele não fosse instruído, e que Abraão não cumprisse seu dever, informando-lhe: “Meu filho, Deus me deu este privilégio acima de todos os homens, a saber, que me declarou e me disse que minha progênie seria por sua herança, e que nos abençoaria e seríamos separados e santificados de todo o resto do mundo”. No entanto, notemos como nos convém adorá-lo; notemos como devemos invocá-lo; vejamos como devemos servi-lo. Se, pois, Abraão não houvera fielmente ensinado a seu filho Isaque, esta palavra não teria tido nenhuma força: “Eu sou o Deus de Abraão”, e deveras seu conteúdo seria nulo e saturado de superstição. E, assim, notemos bem que por esta palavra Deus dá a Isaque uma confirmação do que outrora aprendera de seu pai.
Os papistas fazem finca pé disto quando querem manter-se em suas imundícias e erros. Pois eles o possuem de outros pais e ancestrais que seguem, não o inventaram hoje; portanto, lhes parece que isto basta para rechaçar até mesmo tudo quanto Deus mesmo mostrara por sua palavra para que sigam seus pais e anciãos. Bem, mas, quando Deus é chamado o Deus de Abraão, ele pressupunha esta única coisa: que Abraão tinha uma fé governada pela doutrina e que lhe fora ensinada. E donde procede que ele chama a si mesmo o Deus de Terá? Pois haveria nisto algo mais. Os papistas não dirão: “Faz cem anos desde que o que chamamos o serviço de Deus entre nós foi usado entre os homens”. Porventura dirão: “Ora, há mil anos desde que o mundo é assim governado?”. Ora, pois, eles mesmos desprezam a Deus, como bem lhes parece, quando evocam mil anos.
Ora, pois, se a questão fosse simplesmente de antiguidade, ele teria dito: “Eu sou o teu Deus, de Terá e de Naor”; ou, melhor, ele teria recuado mais, até alcançar os que viveram antes. Mas não há dúvida quando ele fala dessa maneira. Deus chamara a Abraão, e este já havia morrido; e os outros eram ainda mais antigos. Então, que distinção faremos aqui? Não devemos inventar de acordo com nosso próprio cérebro; mas devemos visualizar aquele ponto donde Deus fala a Isaque. Não há dúvida de que isso se deu porque Abraão (como já dissemos) tinha plena certeza de fé de que sua opinião não era a do resto do mundo que afirma, “Eu penso assim, eu creio assim”, mas ele estava plenamente certo de que Deus lhe falara. Eis, pois, em que respeito e por qual causa lemos agora: “Eu sou o Deus de Abraão, teu pai”. E, assim, notemos bem quais dos pais devemos seguir, para não sermos enganados a esse respeito. Porque, se nossos pais foram devidamente instruídos, e que foram inteirados da verdade divina, isso seria agora um bom auxílio à nossa fé. Pois quando temos guias que nos indicam o caminho, isso nos é mui vantajoso e não o devemos desprezar. Mas se tivemos os pais que não foram filhos de Deus (do quê toda paternidade e parentesco dependem, no dizer de Paulo), então que fechemos nossos olhos. Pois se Deus não possuísse o soberano título de Pai, e não fosse nenhum referencial para nós, então ai de todos os parentescos e laços familiares que porventura tenhamos neste mundo! Pois estes seriam tantas redes de Satanás. Portanto, notemos bem que, como se expressa neste lugar, Deus é o Pai de Abraão, pai de Isaque. Daí o profeta Ezequiel afirmar o contrário: “não andeis nos estatutos de vossos pais” [Ez 20.18]. E por que ele diz isso? Porque esses pais não seguiam os passos de Abraão, mas se afastaram dos mesmos; e por isso já não eram dignos de tão honroso título de pais, já que não eram os filhos de Deus. E, portanto, temamos que se nos diga o mesmo, pelos lábios de Estêvão: “Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis” [At 7.51].
Mas, se houve alguma ignorância ou rebelião em nossos pais, cuidado para que não resignemos totalmente a nosso Pai celestial. E, não obstante, enquanto os papistas gritam: “Nossos pais! Nossos pais!”, aprendamos a discernir e não sejamos como os irracionais, como eles fazem, tomando nossos pais de algum bordel, como fazem todos quantos tomam por pais os que têm pervertido e corrompido a simplicidade da lei e do evangelho, a saber, essa turba imbecil de frades e monges que têm sido os falsificadores da Santa Escritura. Portanto, afinal não deixemos que nossos sentidos sejam assaltados e espoliados, sabendo que nossos pais devem ser os filhos de Deus de quem depende todo parentesco, como já citamos de Paulo.
Isso, pois, é o que sucintamente aprendemos neste lugar, ou, seja, que Isaque foi admoestado a reconhecer e a evocar à sua memória tudo quanto aprendera previamente, e que isto serviu para confirmar sua fé, quando Deus disse que se manifestara a seu pai Abraão. E agora, em nossos dias, temos de pôr esta doutrina em prática, como amiúde teremos necessidade de assegurar-nos, ou, melhor, quando nosso espírito for atribulado e açambarcado por alguma vacilação e incerteza, que busquemos nosso recurso ali, ou, seja, seguir nosso pai Abraão, conformar-nos em seguir aquela regra que ele nos demonstrou. E por quê? Porque estamos certos de que Deus se lhe manifestou. Eis, pois, uma boa diretriz: que não nos desviemos da vereda de nossa salvação, quando nos conformarmos e nos amoldarmos a nosso pai Abraão, ou, seja, de todas aquelas promessas nas quais devemos hoje nos fundamentar. E esse cômputo deveria compreender todo o resto dos fiéis. E embora não nos pertença um mínimo no tocante à carne, não obstante não cessamos de ser filhos de Deus. E por isso não é sem motivo que o apóstolo, em Hebreus capítulo 12 [v. 1], põe diante de nós essa densa nuvem de testemunhas, quando nos mostra que somos muito diferentes se não seguirmos aqueles a quem Deus nos estabeleceu como exemplos: “visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas” a chamar-nos para Deus, que pareceria (como diria alguém) obstruir nossa visão. Alguém nos ofenderia ao tentar seduzir-nos, fazendo-nos imaginar que somos escusados em dizer: “A esse respeito ele fez o que eu faria, por isso não precisamos mais que uma pequena trajetória para desviar-nos do temor de Deus e de sua obediência; e, não obstante, Deus porá diante de nós tantas testemunhas a provar nossa fé, que devemos ficar satisfeitos com isso, contudo não lhe trazemos nada”. E se isto de nada nos aproveita, e assim não ficamos confirmados, qual é causa disso, senão nossa própria ingratidão? Assim, pois, enquanto nossa fé for fraca, concluamos que teremos que tratar a ignorância como se fosse tempestade.
E então, porventura Deus começou a falar só ontem ou hoje? Porventura não falou a Abraão? E porventura sua verdade não é infalível desde aquele tempo para cá? E, além disso, todos os fiéis de lá para cá, todos os santos reis e profetas, e os demais, porventura não são tantas testemunhas que Deus nos exibe? Portanto, unamo-nos agora a esta santa assembleia. Pois muito embora o evangelho nos tenha sido pregado (segundo o apóstolo tratou disso), não basta que nos congreguemos com todos os fiéis, que hoje ainda vivem, mas também na comunhão e companhia de todos os santos espíritos a quem Deus tem arrebatado deste mundo. Hoje, portanto, nos achamos unidos em comunhão com todos os santos patriarcas e profetas, enquanto Deus nos falar. Mas seremos tanto mais sem escusa porque não sabemos como tirar proveito de tudo isso, visto que Deus se nos revelou ainda mais claramente, e de uma maneira ainda mais familiar, na pessoa de seu Filho Unigênito. Porquanto hoje ele é não só chamado o Deus de Abraão, mas também o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, visto que temos a plena e perfeita revelação de tudo quanto nos é proveitoso para nossa salvação, nesta imagem viva na qual Deus se exibiu, é certo que não temos pretexto que possamos alegar por que não teríamos tal certeza de fé, que nunca nos detemos aqui e ali; e, quando o mundo se transforma centenas e milhares de vezes, não obstante devemos permanecer firmes naquilo que já recebemos de Deus, sabendo que sua verdade é imutável. Isto, pois, sucintamente, é o que temos de aprender concernente a este texto.
E, além do mais, notemos ainda que a palavra do Senhor Jesus Cristo, ao dizer, “Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus” [Jo 20.17]. Percebe-se que o Filho de Deus, que é o Deus eterno, no entanto nos unimos a ele e nos mantemos seguros ali, de tal sorte que jamais seremos afastados dessa fonte que ele nos deu de sua verdade, dizendo que temos um só Deus ao qual estamos unidos, visto que ele é homem e, portanto, nosso Irmão; que temos o mesmo Deus que é também seu Deus; e o mesmo Pai que é também seu Pai. Quando ouvimos estas coisas, porventura há alguma razão a mais para dúvida, ou estremecimento? Como há muitos hoje que dirão: “Oh, eu não sei no que crer; há tantas e tantas opiniões, que me sinto confuso; e também não consigo crer em nada; já não sei o que seguir”. Mas não se pode decidir senão que tais pessoas são possuídas do diabo, quando pisam sob a planta de seus pés a verdade de Deus, que é como que uma luz indubitável a guiar-nos, e a mostrar-nos o caminho da salvação. Assim, pois, visto que Deus se revelou desde Abraão e Noé e designou a Moisés para ser o condutor de sua Igreja, e que nos entrelaçou totalmente quando, por fim, enviou seu Filho Unigênito em cuja pessoa congregou a todos nós em si mesmo. Aprendamos, pois, a manter-nos nessa unidade de fé que ele nos outorgou, e não nutramos dúvida de que ele sempre nos terá por seus filhos.
Agora temos de notar aquilo que Deus diz: “Abençoarei a Isaque e multiplicarei sua semente”. Pois isto serve para ilustrar que o favor que Deus concede àqueles a quem ele chamou para si não é vão nem sem efeito, senão que produz seu fruto e efeito no tempo certo. Portanto, é mui certo que, quando Deus usar de misericórdia para conosco, ele nos dará tantas coisas boas, as quais ele bem sabe ser-nos para o bem. É verdade que isto não se dará segundo nossos desejos, mas, seja como for, a prosperidade estará sempre acoplada ao favor e amor de Deus. Ora, bem sabemos que ele tem tudo em suas mãos e não é nenhum sovina que deixa de dar a seus filhos tudo quanto bem sabe ser para seu sustento. Aprendamos, pois, a esperar por toda a prosperidade e gracioso favor de nosso Deus, quando lhe aprouver testificar-nos que ele nos ama e que está conosco (como eu já disse); e, entrementes, embora tenhamos muitas adversidades que nos atribulam e nos molestam, e que nos prejudicam e nos amarguram, contudo jamais deixemos de nos manter firmes em sua promessa. E quando recebermos alguma graça das mãos de Deus, apliquemo-la sempre para o fortalecimento de nossa fé e para manter esta indubitável persuasão de que provaremos ser verdadeiro o que aqui nos é expresso: “Eu estarei contigo e te abençoarei”. E, indubitavelmente, se considerarmos bem os benefícios de Deus que diariamente dele recebemos, os quais nos seriam valiosos, como deveriam ser, teremos sempre bom motivo para honrá-lo e regozijar-nos nele. Mas, ai de nós que devoramos os benefícios que ele nos outorga e, no ínterim, viramos as costas e nunca mais pensamos neles. E podemos perceber que esta é a causa de sermos tão propensos à murmuração, nos impacientando e remoendo nosso descontentamento. E por que agimos assim? Porque os benefícios de Deus, sendo suficientes para satisfazer–nos nele, porém (como eu já disse) os desprezamos e os descartamos. E assim não somos dignos de provar que esta promessa é valiosa: “Eu estou contigo e te abençoarei”. Ora, pouco depois lemos assim: “Então, levantou ali um altar e, tendo invocado o nome do Senhor”.
Já vimos por que os altares eram erigidos pelos santos pais, e com que intenção. No entanto, aqui temos de falar algo mais sobre o assunto, até porque o lugar o demanda. O altar que Isaque erigiu, enfim era para que ele pudesse fazer profissão de sua fé. E assim muito diz respeito ao primeiro ponto. Pois se orarmos a Deus não temos necessidade de erigir-lhe um altar. O serviço divino é, por sua própria natureza, espiritual. Isaque, pois, não erigiu um altar para que pudesse invocar e evocar o nome de Deus, ou fazer-lhe suas orações e súplicas, mas sua intenção é para que sua fé fosse conhecida e para que Deus fosse glorificado diante dos homens. Pois ainda quando devamos servir a Deus em espírito e no recôndito de nosso coração, contudo isto também não impede que lhe apresentemos aquele louvor que ele merece diante dos homens, e que protestemos, quanto está em nós fazê-lo, que lhe pertencemos totalmente: corpo e alma.
Aqui, pois, somos instruídos que os fiéis, depois de depositarem sua confiança em Deus, e de o terem invocado, e de lhe renderem louvor por todos os seus benefícios, no entanto devem fazer diante dos homens uma confissão de sua fé, tencionando dedicar-se a ele totalmente (como também tudo lhe pertence). Há ainda uma segunda razão, a saber, que em virtude de nossa indolência e leviandade, temos necessidade de ser alfinetados de diversas maneiras, e assim sermos estimulados a marchar entusiasticamente rumo ao serviço divino. Como assim? É verdade que, quando oramos a Deus, ele não se deixa mover por alguma cerimônia; e, não obstante, curvamos nossos joelhos, erguemos nossas mãos ao céu e descobrimos nossa cabeça. Por quê? Antes de tudo, com respeito aos homens. Pois (como eu já disse) faz-se necessário que homenageemos a Deus com nossos corpos, os quais foram criados e foram designados à sua glória e coroados com a imortalidade. Mas, seja como for, visto que somos relapsos, convém que por esses meios sejamos provocados a um zelo mais fervoroso em nossas orações a Deus e com afeto mais sincero. Eis, pois, por que nos convém ter nossas mãos unidas e erguidas, nossos joelhos curvados e nossas cabeças descobertas. Pois isso mostra que nos apresentamos diante de Deus como se quiséssemos dizer: “Pobre miserável, quem és tu? Com que lentidão te aproximas daquele que te criou e te formou, e a quem tens de prestar contas de toda tua vida?”. E, além disso, isto também tem o propósito de despojar-nos de todas as vãs fantasias que nos fazem perambular de um lado para o outro, e descansemos totalmente nele.
Assim, pois, o altar que Isaque erigiu serviu a este propósito, a saber, que por esse meio ele fosse ainda mais estimulado e tivesse seu coração tanto mais inflamado a servir a Deus. E, por seu turno, ele fez uma confissão diante dos homens, deu exemplo a sua família e testificou que ele não se deixava emaranhar com as superstições dos pagãos; porém tinha uma religião pura e impoluta, visto que se deixava governar pela palavra de Deus. E assim também no tocante ao altar. E da mesma forma temos também que aprender, aqui, aquilo que foi previamente declarado, a saber, que as orações dos santos pais e a confissão que fizeram de sua fé não estavam associadas com os sacrifícios, porquanto não tinham nenhum outro fim senão guiá-los a nosso Senhor Jesus Cristo. Pois eram ensinados continuamente que não podiam ter acesso a Deus senão pelo favor de um mediador, o qual não fora ainda enviado ao mundo, no entanto é assim que eles descansavam aí.
Agora, porém, que nosso Senhor Jesus Cristo já veio a este mundo, e que já assumiu nossa natureza e já nos disse: “Eu sou a luz do mundo” [Jo 8.12]. “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” [Jo 14.6]. “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo” [1Jo 2.1]. Portanto, visto que temos tudo isso, porventura não devemos munir-nos de maior certeza, quando houver alguma dúvida sobre como invocá-lo, saibamos que nossos rogos serão ouvidos por ele e os portões se nos abrirão e descobriremos que ele está sempre pronto e favorável a ajudar-nos e assistir-nos.
Ora, seja como for, notemos bem que os altares, nos tempos antigos, e especialmente no tempo da lei, eram sempre erigidos para este fim: que os fiéis soubessem que não eram dignos de orar a Deus, nem de invocá-lo em seu próprio nome; mas que sempre tinham que achegar-se a ele por meio de nosso Senhor Jesus Cristo e pela virtude daquele sacrifício que ele ofereceria a seu Pai para a reconciliação do mundo. E deveras não devemos imaginar que Abraão e Isaque inventaram altares segundo suas próprias fantasias. Pois seus sacrifícios nunca eram aceitáveis senão pela fé, como nos mostra o apóstolo. Ora, eles nunca poderiam fundamentar-se na fé, a menos que a palavra de Deus previamente os iluminasse. Saibamos, pois, que Isaque não ofereceu um sacrifício, em todas as suas aventuras, a seu bel-prazer, senão que ele foi ensinado que, sendo um miserável pecador, não devia presumir em invocar o Nome de Deus, a menos que depositasse toda sua confiança naquele que seria enviado a fazer satisfação e purgar os pecados do mundo. Os pagãos deveras tinham seus altares, e sacrificavam, como faziam os santos pais; porém lhes faltava o principal: se ocupavam inteiramente na cerimônia que por si só era frívola, porque não buscavam aquele modelo celestial de que se faz menção em Levítico. Assim, pois, temos de aprender que, quando nosso pai Isaque invocava o Nome de Deus, ele tinha um altar a testificar que ele não podia ser recebido senão no Nome e favor de nosso Senhor Jesus Cristo. E, portanto, hoje, enquanto orarmos a Deus, aprendamos a lavar nossas orações com o sangue de nosso Senhor Jesus Cristo; pois, do contrário, não passaremos de pessoas profanas e contaminadas. Mas quando o sangue de nosso Senhor Jesus Cristo for aplicado aí, certamente nossas orações serão puras; serão consagradas; serão de tal sorte que Deus as aceitará. E, quando invocarmos a Deus, cada um estando no âmago de seu coração, labutemos também para atrair nossos semelhantes para lá, sendo nossa intenção que ele seja glorificado em nosso meio em plena concordância. E, como devemos viver unidos numa só fé, assim também tenhamos apenas uma boca em protesto em prol de nosso Pai e Salvador, de que seremos totalmente deles.
|
About Sermões Sobre Eleição e ReprovaçãoEsta coletânea de sermões a partir do livro de Gênesis lida com um tema glorioso que, ao longo das eras, tem sido por vezes mal interpretado e ignorado da maneira mais injusta, e, na maioria dos casos, vergonhosamente negado e combatido. Calvino conduz o leitor destes sermões ao entendimento correto dessa doutrina profunda, fazendo com que encare a verdade bíblica da soberania do Criador e compreenda que Deus é Deus, de modo que não precisa apresentar justificativas ao homem nem lhe explicar o poder que o Oleiro tem sobre o barro, quando molda, para desonra, os vasos de ira preparados para a destruição. Embora nem todos os sermões tratem explicitamente sobre a predestinação, todos eles são profundamente doutrinários e práticos. Ao longo de todas as exposições, assim como em toda a teologia de Calvino, encontra-se o tema que perpassa todas as coisas: a soberania do Deus e Pai de Jesus Cristo. Esta soberania é o propósito e poder divinos governando todas as coisas que acontecem, a desobediência do réprobo e, de igual modo, a obediência do eleito, tudo para a glória de Deus na salvação da igreja de Jesus Cristo. Seguindo o apóstolo Paulo em Romanos 9, João Calvino via na história inspirada de Jacó e Esaú a revelação da predestinação eterna de certos indivíduos para a salvação, e de outros para a danação eterna. |
| Copyright |
Copyright 2019 Editora Monergismo. Todos os direitos em língua portuguesa reservados por Editora Monergismo SCRN 712/713, Bloco B, Loja 28 — Ed. Francisco Morato Brasília, DF, Brasil — CEP 70.760-620 www.editoramonergismo.com.br Proibida a reprodução por quaisquer meios, salvo em breves citações, com indicação da fonte. |
| Support Info | srmssbrlrprv |
Loading…