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QUARTO SERMÃO: Gênesis 25.24–28
Cumprido os dias para que desse à luz, eis que se achavam gêmeos em seu ventre. Saiu o primeiro, ruivo, todo revestido de pêlo; por isso, lhe chamaram Esaú. Depois, nasceu o irmão; segurava com a mão o calcanhar de Esaú; por isso, lhe chamaram Jacó. Era Isaque de sessenta anos, quando Rebeca lhos deu à luz. Cresceram os meninos. Esaú saiu perito caçador, homem do campo; Jacó, porém, homem pacato, habitava em tendas. Isaque amava a Esaú, porque se saboreava de sua caça; Rebeca, porém, amava a Jacó.
Visto que a eleição divina, em sua natureza intrínseca, é secreta, então se faz necessário que ela se concretize no tempo, quando Deus fizesse com que suas obras atingissem a perfeição. Pois não basta que uma vez Deus nos haja escolhido, e que nos haja distinguido, mas também desse seguimento a isto até o fim, e declarasse que sua eleição não é sem efeito, senão que exerce sua força e poder na condução à salvação. Ora, ele fez isso de diversas formas. Conquanto Deus não seja obrigado a manter sempre o mesmo curso; ele tem seus meios, como lhe apraz designar. Algumas vezes ele exibe sua eleição instantaneamente; outras vezes, ele a defere para um tempo bem remoto; e daí a conclusão de que haja certa semente em todos aqueles a quem Deus elegeu, de modo que os homens possam discerni-los dos demais, porque se inclinam para o bem e sentem alguma disposição de servir a Deus. Quem pensa assim se excede de maneira repulsiva, e ainda é convencido pela experiência.
João Batista foi santificado desde o ventre de sua mãe; mas isso é muito diferente em muitos outros. Pois Deus às vezes deixa que seus eleitos sejam como ovelhas dispersas, e é como se estivessem totalmente perdidas. E ele faz isso com o fim de imprimir maior glória à sua graça. Como agora vemos em Jacó algum sinal de que Deus o havia escolhido, e rejeitado a seu irmão Esaú. Pois Jacó segurava o calcanhar de seu irmão, como se estivesse a lutar contra ele. E isso não sucedeu por acaso, nem foi obra da natureza; senão que Deus mostrava, como que com o dedo, que Esaú era o primogênito, e, no entanto, foi precedido; e Jacó, que era inferior no processo de nascimento, contudo, no tempo, veio a ser o preferido.
Observemos, pois, o que já aprendemos sobre este passo, ou, seja, que Deus aprovará aquilo que ele mesmo houver pronunciado, como vimos ontem: “O maior servirá ao mais moço”. E isto já foi demonstrado no nascimento de duas criancinhas. Deste exemplo, porém, temos uma dedução geral: que aqueles a quem Deus escolheu, ele mesmo antecipou; e por este meio ratifica seu conselho e decreto, quando sua execução se concretiza. E assim, ainda que não possamos avançar mais para saber quem é que foi eleito antes da fundação do mundo, não obstante nossa eleição será testificada em nós, sempre que se fizer necessário. Pois se Deus (como se diria) guardasse consigo o protocolo ou seleção original dela, não se segue que ele nos dá tal testemunho dela, que nos fosse assegurado que ele é e nos será por Pai até o fim, e que devemos invocá-lo nesta confiança. Pois aqui não se diz isso, muito embora houvesse uma vocação (como fala a Santa Escritura), ou, seja, que ele declarasse a Jacó que o elegera. Isto surgirá com o tempo; porém afirma-se simplesmente que Deus o indicara como que aos olhos, que a resposta que dera a Rebeca não foi sem efeito. Por quê? O efeito apareceu nisto: que Jacó segurava o calcanhar de seu irmão. Aqui, porém, a propósito, Deus mostraria por meio desta figura que seu eleito não rompeu caminho sem muitos combates. É verdade que Jacó não conhecia o significado disso, e sua idade também não o permitia; não obstante, isto deve servir para ensinar-nos, e entra em cena, por assim dizer, para declarar-nos que Deus quer que lutemos, porquanto nos tomou em sua custódia; sim, ainda quando nos achemos sob sua proteção e orientação, e quer que esperemos pela salvação que procede dele, e o que ele começou será consumado.
Ainda quando, pois, tudo isso seja verdadeiro, contudo ele não quer que sejamos indolentes, senão que todos nós nos esforcemos até o fim, para que sejamos conduzidos àquele fim para o qual ele nos chamou. Observemos, pois, aquilo que já aprendemos do que Moisés registrou: que Jacó segurava o calcanhar de seu irmão. Agora ele adiciona: “E o mais velho se chamará Esaú, e o outro, Jacó”. No tocante ao segundo, é como se alguém o chamasse Segurador de calcanhar; de Esaú, porém, afirma-se que ele saiu do ventre desta mãe totalmente eriçado e coberto de pelo, como se já fosse homem feito. Vemos também donde ele tomou seu nome.
Portanto, percebemos a diferença existente entre estes dois, a saber, dir-se-ia que Esaú nasceu muito mais avançado que seu irmão. Pois o vemos totalmente formado, já grande e exibindo grande força. Em suma, ele não é uma criança, e sim um homem feito. De Jacó, porém, não existe nada mais senão a mão que o segurava pelo calcanhar, e era como algo nascido fora de tempo. E, quando ambos cresceram, ele continuava assim. Pois Esaú se tornou um caçador, um turista, por assim dizer, nada possuindo senão músculos. De Jacó, é bem verdade que o nome que Moisés utiliza é tomado em bom sentido e significa sadio ou perfeito. Seja como for, era uma simplicidade que se opunha a tudo aquilo que era mais saliente em Esaú. E, com efeito, Moisés adiciona que ele se mantinha em casa, que era como se ele fosse carvão, ou panela, sempre assentado nas cinzas. Retenhamos, pois, o que já consideramos em Esaú e Jacó.
Ora, esta é uma instrução que visa a confirmar aquilo que já encarecemos previamente: que Deus não escolheu os homens em conformidade com a aparência externa que porventura tenham; mas, ao contrário, aquilo que é reputado como sendo mais excelente, ele descarta e despreza. E, aquilo que é tão rejeitado pelos homens, é isso mesmo que ele faz prevalecer. Nós o notamos sempre; contudo não há dúvida de que o Espírito Santo tinha em vista apresentar isto na pessoa de nosso pai Jacó para que aprendêssemos a abater nossa tola presunção e não inquirirmos por que Deus nos escolhe, e também por que ele mantém sua graça em nós; mas, para que saibamos que ele deve ser glorificado em nossa pequenez, e assim teremos bom proveito quando esta doutrina for impressa em nossos corações.
Pois nada existe que mais nos afaste de Deus do que quando desejamos ter alguma virtude digna de louvor. Mas é preciso que sejamos totalmente despidos dela; ou, do contrário, seremos tão enfatuados, que a graça de Deus não poderá penetrar em nós. Tanto mais, pois, nos cabe manter-nos bem solidificados nisto, que nos é tão indispensável; a saber, que, quando Deus nos escolhe, isto não se deve, por assim dizer, aos nossos belos olhos. E, finalmente, se formos desprezados pelo mundo, não nos deixemos desencorajar por isso, como já demonstramos que devemos contentar-nos tão somente com o fato de sermos aceitos por Deus, ainda quando o mundo nos desdenhe. Pois vemos quem era Jacó: alguém assentado tranquilamente em casa, como se diria, sem nada fazer, ou um corpo ocioso. É verdade que ele era íntegro, mas donde isso provinha? Donde foi tomada esta simplicidade? Porventura ele fez algo notável? Possuía alguma reputação? Ele não tinha absolutamente nada.
No entanto, olhemos para Esaú, que vivia, por assim dizer, acima das nuvens desde seu nascimento; que já era um homem; já era em si mesmo forte; e, mais ainda, quando cresceu, ele era muito ativo, tanto que era como se fizesse maravilhas. Muito bem, nisto somos instruídos de que tudo provém de Deus. Pois, se buscarmos nos homens a causa da eleição, é indubitável que todos dariam seu voto a Esaú. Mas, não obstante tudo isso, Deus preferiu a Jacó. Por quê? Isto é totalmente contrário ao que imaginamos. E por isso temos de observar que Deus de tal modo dispensou sua graça, que quer que os homens saibam que só foi por sua bondade que se moveu a amar a Jacó.
Ora, esta doutrina é mui digna de ser alvo de meditação, todos os dias de nossa vida; e, como eu já disse, isto é assim para que toda soberba que porventura os homens nutram em seu íntimo seja abatida, para que nada prevaleça senão a mera misericórdia de Deus que aí fulgura; e, entrementes, saibamos que a Igreja foi sempre pequena em seus primórdios; sim, e que Deus tem utilizado todos os meios para seguir em frente, a fim de que, da parte dos homens, sua enfermidade se manifeste, e que a reconheçam sempre, e se sujeitem a tal condição. E, além disso, seja como for, saibamos que Deus jamais abandonará sua própria obra, mas que a conduzirá à plena perfeição, ainda quando, à primeira vista, isso não seja conhecido dos homens. Porque não deveria ser assim, tampouco é proveitoso. Além disso, se Deus der algum sinal de que nos escolheu para si, e que isto se manifesta desde nossa própria infância, então temos ainda maior razão para o glorificar. Porque, quanto mais sua graça se expande, tanto mais louvor ela merece. Mas, se por algum tempo permanecermos rejeitados, e Deus não demonstrar ter por nós alguma consideração, ao contrário, nos sentirmos esquecidos, e por fim nos chamar de volta outra vez, depois de termos vivido por longo tempo transviados, daí teremos também uma dupla ocasião de o louvar.
Em suma, o que quer que seja sua obra em nós, cumpre que nossa boca esteja sempre aberta para reconhecer sua bondade e misericórdia. Alguns haverá que desde a infância declararão que Deus os guardou, como que os segurando pela mão, e os apresentar, dizendo: “Estes são meus!”, e deveras tenham uma boa instrução desde a infância, e, além disso, ela lhes for proveitosa, de tal sorte que os homens digam: “Eis um descendente de Deus!” Ora, como eu já disse, estes são profundamente impelidos a reconhecer que Deus lhes deu este privilégio. Pois o que temos mais que os outros? Somos totalmente corrompidos em Adão. Assim, pois, quando Deus os conduz como que por um fio contínuo desde seu nascimento até sua maioridade, tanto mais estão jungidos a ele. Mas há outros que são como que criaturas pobres e miseráveis, a quem os homens diriam que Deus os arrojou inexoravelmente para longe dele — uma parte é obscena e dissoluta em sua juventude; e a outra, idólatra e miserável; e, seja qual for a devoção que porventura pratiquem, vivem cada vez mais alienados de Deus e a provocarem sua ira; sim, algumas vezes são inimigos de toda a verdade; como podemos ver no exemplo de Paulo, que era uma besta ultrajante, sedenta de sangue, e se esforçava por nada, aparentando mais um lobo voraz a dispersar todas as igrejas. Além disso, vejamos os coríntios que eram devassos e dados a todo gênero de vilanias, como Paulo o declara. E outro tanto se diz dos romanos. “Em tempos passados éreis pessoas devassas e orgulhosas, e dadas a toda opressão e engano, dedicando todos os vossos membros ao mal e ao serviço do pecado.” E um pouco mais adiante ele diz aos efésios: “Em tempos passados éreis sem Deus, sem qualquer esperança de vida; vivíeis totalmente em trevas e em morte eterna”.
Ora, quando nosso Senhor, a fim de nos humilhar, permitir que por algum tempo vivamos totalmente dispersos, e então, de repente, nos chamar a si, reconheçamos e digamos que devemos não só engrandecer a Deus por ele haver nos escolhido, quando virmos o fruto disso, mas também porque ele nos arrancou do abismo em que estávamos. E tanto mais devemos esforçar-nos e redimir o tempo pregresso, como Paulo fala disso no que já citamos: “Pois, outrora, éreis trevas, porém agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz” [Ef 5.8]. E recordemos sem cessar aquilo que nosso Senhor Jesus Cristo afirma: “Há muitas ovelhas que não são deste aprisco” [Jo 10.16]. Pois ele falava dos gentios que estavam excluídos de toda a esperança de salvação. Ele os denomina de ovelhas, não com respeito a si mesmos, porquanto mais pareciam bestas selvagens; e sim com respeito à eleição divina. Embora fossem um povo disperso, contudo ele diz que seriam congregados. Portanto, quando aprouve a Deus subtrair-nos da dissipação, onde estávamos, aprendamos a dar ouvidos à voz deste grande Pastor, não só propiciando algum sinal externo de que a acatamos, mas para que o sigamos e lhe obedeçamos em todas as coisas.
Observemos, pois, o que é que temos de aprender neste lugar. E, mais, não nos envergonhemos quando o Senhor não der de seus fiéis e de toda sua Igreja uma exibição agradável aos olhos dos homens, a fim de que sua reputação seja apreciada. Não nos envergonhemos de nossa baixeza, contanto que ele seja glorificado. Como agora parece que a Igreja é calcada sob a planta dos pés, e vemos também como as pessoas profanas, e os filhos do mundo, não apreciam aqueles a quem Deus congregou a si.
Ora, suportemos isto pacientemente, seguindo o exemplo de nosso pai Jacó; e não nos aflijamos se o mundo de certo modo cuspir-nos no rosto, contanto que sejamos aprovados por Deus. Observemos, pois, como todos nós temos de praticar esta doutrina, nele mesmo, bem como em todo o corpo da Igreja.
E, uma vez mais, muito embora não sejamos estimados pelo mundo, e poucos nos apreciam e nos aplaudem, contudo Deus age de tal modo que aquilo que é mui desprezível aos olhos do mundo, e na exibição externa dele, é mais estimado aos olhos de Deus do que aquilo que desfruta de grande atração e realce aos olhos dos homens. E aqui está aquela observação feita por Lucas, a saber, que aquilo que é elevado e excelente aqui embaixo, nem por isso é estimado por Deus; mas, muito ao contrário, algumas vezes não passa de abominação para ele; como certamente as virtudes de Esaú serão sempre louvadas, se os homens forem juízes, no entanto a simplicidade de Jacó, diante de Deus e seus anjos, é de muito maior valor.
Portanto, sigamos em frente como nosso Senhor Jesus nos ordenou, e não nos entristeçamos ainda quando à primeira vista não se exibirem em nós estes dons que Deus implantou em nós. Como, por exemplo, muitos há que são de nenhum valor em relação a Deus, contudo são de uma aparência aprazível, e também quando lhes há ocasião. Os homens acharão grandes personagens, de grande posição e qualidade, que terão grande valor e investidos de grande autoridade; ostentarão honra e dignidade; e, mais, não se verá neles cobiça exacerbada. Em suma, neles se exibirá tal honestidade, que qualquer um concluirá que são anjos, e todos os homens os enaltecerão por toda parte; e, entrementes, haverá míseros operários, agricultores e pobres idiotas, que não terão oportunidade de exibir-se. Pois estarão ocupados em sua oficina e pequenas atividades domésticas; terão que viajar para alimentar seus pobres filhos. Ninguém ouvirá falar deles; nem sabem falar como demonstração de sua grande sabedoria; e, se alguém os ouve falar, nada perceberá além de tolice, segundo a opinião popular; e, contudo, Deus os elegeu e os escolheu. Ele aprova aquele que aparenta ausência de qualquer valor. Pois muito embora pareça que tais coisas sejam abjetas, por exemplo, um homem cose, ou faz alguma outra coisa, e se esmera, contudo este é um serviço que Deus tem como sendo de mais valor do que podemos imaginar.
Assim, pois, ao descobrirmos que nada somos exteriormente, não imaginemos que nosso estado e condição sejam os piores (como eu já disse); não nos envergonhemos de nossa fragilidade; e, entrementes, elevemos nossos olhos ao alto; e, ainda quando estejamos deitados nas cinzas, saibamos que assim foi outrora também com nosso pai Jacó, o qual prefigurava todos os eleitos de Deus e seus filhos.
A seguir, notemos que “Isaque amava a Esaú, porque se saboreava de sua caça; Rebeca, porém, amava a Jacó” [25.28]. E isto serve bem para mostrar que não havia em Isaque tal perfeição como deveria ter havido. Porquanto ele não era ignorante daquilo que fora falado: “O mais velho servirá ao mais moço”. Ele sabia sobejamente bem ser esta a vontade de Deus: que Esaú, o mais velho, cederia a seu irmão o lugar e grau de honra; e, no entanto, ele amava a Esaú. É como se nesse aspecto ele resistisse ao conselho de Deus. E o que pretende ele aqui? Quando depositar todo seu amor em Esaú, então Deus por fim reinará e sua eleição se manterá inabalável; sim, ainda quando o mundo inteiro lutar contra ela. Ah, Isaque! Como tu és obtuso! Contudo há algo mais, pois é como se ele fosse guiado por uma afeição irracional. Ora, por que ele amava a Esaú? Porque ele lhe trazia a carne assada de suas caças. Portanto, ele o amava por questão de gastronomia. Eis aqui um homem idoso, e que por razão de sua idade deveria viver satisfeito e quieto em casa. Não deveria deixar-se levar por seus tolos e inconstantes paladares; que, por sua inclinação gastronômica e apetite aguçado, havia esquecido aquilo que Deus pronunciara; sim, por um decreto imutável: que Jacó governaria, e que ele seria o herdeiro da promessa. E, a despeito disso, Isaque não o leva em conta. Aqui, porém, vemos que os judeus são demasiadamente cegos, vangloriando-se em seus pais, como se a dignidade que às vezes possuíam fosse oriunda da santidade e virtudes dos homens. Pois é indubitável que Isaque, quanto estava nele, subverteu a eleição divina; não que ele tivesse o arbítrio de fazer isso. Pois se um homem indagasse dele: “E agora? Resistirás a Deus? Porventura impedirás que ele ponha em execução aquilo que pronunciou? Porventura alterarás aquilo que ele pronunciou com sua boca?”. Ele teria respondido: “Não!”. E sua intenção não era essa. Mas, de qualquer modo, ele se deixa arrastar e desviar dessa rota.
Assim, pois, não podemos dizer que Isaque cooperou para corroborar a eleição divina, tampouco a fez prosperar. Mas, ao contrário, ele a obstruiu. Ora, com isto percebemos que toda boca deve se fechar, e que todos os homens não pretendam possuir em si algo que faça com que Deus confirme neles as bênçãos que ele já lhes havia outorgado. Em suma, pelo presente vemos que, como a eleição divina é gratuita e imerecida em seu princípio e fundamento, bem como em sua plena vigência, assim também compete a Deus mostrar até o fim que nada existe além de sua singular misericórdia, e que tudo o que lemos caber ao homem cessa e é abolido, e que isso não depende de quem quer ou de quem corre (no dizer de Paulo, Rm 9.16).
Notemos, pois, o que temos de aprender. Ora, entrementes percebemos também a estabilidade que existe neste conselho divino, pelo qual Deus escolhe aqueles em quem aplica seu beneplácito. E assim nós mesmos temos que decidir: ainda que o mundo inteiro tudo faça para subverter nossa salvação, ela ainda permanecerá segura, de modo que temos sempre nosso refúgio naquilo que nos foi mostrado previamente, a saber, que nosso Senhor Jesus Cristo tomou em sua guarda todos quantos o Pai lhe deu, como sua propriedade; e que nenhum deles perecerá, porquanto Deus é mais forte que os homens; pois é para isso que ele nos conduz. “Aquilo que o Pai me deu é maior que tudo” [Jo 10.29].
Assim, pois, aprendamos a permanecer perenemente no invencível poder de Deus, quando houver alguma questão a ser estabelecida, a saber, que, ao invocá-lo, seremos ouvidos, e que não tenhamos dúvida de que, como nos conduziu por uma boa vereda, assim ele nos dará a perseverança; e, ainda que sejamos fracos e falhos, contudo ele não permitirá que fracassemos; mas que seremos guiados de tal sorte que aumentará mais e mais em nós seu poder.
Portanto, temos de avançar ainda mais; ou, seja, que Jacó tinha seus inimigos, não propriamente naqueles que não temiam a Deus, e eram profanos, mas inclusive em seu próprio pai Isaque; sim, que então era o líder da Igreja. Deus lhe deu, por assim dizer, confiança em sua aliança, a fim de que ele fosse o tesoureiro dela e a administrasse. E, não obstante, ele (ao que parece) se constituíra em inimigo da eleição de Jacó. Por isso, se percebermos muitos ventos contrários, e parecer que nossa salvação está sendo subvertida por muitos meios, e não visualizarmos nenhum resultado, então saibamos que no fim Deus será vitorioso; e, qualquer que seja a fraqueza que porventura ele visualize em nós, não obstante não cessará de seguir em frente; e ainda que haja resistência e contradição aqui embaixo, todavia ele vencerá tudo e todos, e garantirá bons resultados.
Mas, a propósito, aqui somos admoestados pelo exemplo de Isaque a nos refrearmos. Pois se isso sucedeu a um homem como Isaque, tão excelente e de uma santidade angelical, e, no entanto, resistiu a Deus, o que será de nós, em comparação a ele? É evidente que a cada dia seremos açambarcados centenas de vezes por alguma fantasia fútil de que prevaleceremos contra Deus, ainda quando esse não seja nosso propósito. Por isso temos grande necessidade de desconfiar de nosso próprio juízo, e de invocar a Deus para que ele nos governe por meio de seu Espírito Santo. Do contrário (como eu já disse), seremos míseros refugos, arremessados de um lado para o outro em todo tipo de aventuras. E, quando pensarmos que somos mui sábios, não se verá em nós nada mais além de estultícia; aliás, nada além de rebelião, ainda que não seja de nosso querer e discernimento. Então, tomemos isto como uma lição.
Contudo, devemos notar aqui a causa apontada por Moisés, ao dizer que Isaque amava a Esaú. E qual foi a razão de o amar? Porque ele lhe trazia carne assada. Portanto, atentemos bem para que não sejamos guiados por nossos apetites carnais e terrenos, caso queiramos manter nossa disposição para com Deus. É verdade que não somos condenados por comermos e bebermos. Porquanto Deus nos pôs neste mundo sob a condição de que desfrutemos de suas criaturas. E, visto que ele nos ordenara que comamos e bebamos, evidentemente não o ofenderemos com essas coisas, quando desejarmos saciar nossas necessidades, e também nos valermos daqueles benefícios que ele mesmo nos preparou. Pois se diria sem razão que devemos fazer todas as coisas em seu nome, sim, seja comendo ou bebendo; mas de que modo nos corrompemos, senão quando saciamos com excesso nossos apetites, e esse excesso nos leva ao esquecimento de nossos deveres para com Deus? Daí sermos totalmente arrastados de um lado para o outro, quando pensamos estar cumprindo nossos deveres, e, no entanto, estamos longe de fazer isso.
Isaque, porém, deveria ter tido isto bem diante de seus olhos; sim, e deveria ter bem gravada em seu coração esta voz que teria soado em seus ouvidos, a saber, que o mais velho serviria ao mais moço. Ele deveria ter pensado constantemente e sem interrupção: “Bem, enquanto a eleição divina permanecer em Jacó, a mim cumpre adequar-me a ela”. Mas, ao contrário, sua gastronomia o perverte e o atrai justamente para o rumo contrário. Portanto, de nossa parte, deixemo-nos advertir, como eu já disse, a fim de reprimirmos nossos desejos; sim, ainda que sejam naturais, e em si mesmos não sejam ilícitos. Mas que no fim não haja excesso nem intemperança. Deixemo-nos advertir (repito) para que os refreemos e os dominemos, de tal sorte que jamais nos desviem da rota, nem nos impeçam de nos dispormos segundo a vontade de Deus. Notemos, pois, sucintamente, o que temos de aprender aqui.
Aqui, porém, vemos ainda que Rebeca possuía então um sentimento mais bem orientado do que o de seu esposo. É bem verdade que os homens sempre verão (ou em sua maioria) que, se o pai ama um de seus filhos, a mãe depositará seu amor justamente na parte contrária. É possível perceber tais contendas na maioria dos lares. É também possível que Rebeca tenha nutrido algum tipo de ciúme; porquanto ela viu em Esaú o preferido [de seu pai], e por isso ela amava a Jacó ainda mais, já que ele não era bem aceito por seu pai, nem desfrutava de seu favor. Visto, porém (como veremos mais adiante), que ela levava em conta a eleição divina, e que sempre atentou para aquilo que Deus disse — que Jacó seria o preferido —, aqui temos que julgar o fato de ela não nutrir aquele forte sentimento que as mulheres levianas nutrem contra seus esposos, assim que percebem que algum de seus filhos, não sendo tão estimado, passam a nutrir um afeto mais forte por ele. No entanto, não podemos julgar Rebeca assim. E por que não? Porque, como eu já disse, vemos que ela sempre recorreu a Deus e buscou obedecer sempre ao que este pronunciava. Indubitavelmente, ela deseja que ambos os filhos permaneçam na Igreja. Mas, já que ela via um deles excluído, e que não restava nenhum além do menor e inferior, o qual Deus aprovara, ela se apegou a este. Ora, aqui vemos que nosso Senhor algumas vezes permitirá que, aqueles que possuem mais virtudes e maiores dons do Espírito Santo, não obstante fracassem, e que aqueles que ainda não fizeram maior progresso se saiam bem, eu tenho em vista alguma consideração. Pois se fizermos comparação entre Isaque e Rebeca, é indubitável que ele, tendo sido criado na casa de seu pai, e tendo em sua juventude recebido uma instrução mais profunda, em geral tinha uma fé mais intensa que Rebeca. Mas, temos aqui uma ação particular na qual ele falha e na qual seu vício se revela. E, no entanto, Rebeca havia recentemente escapado de um covil de idolatria; pois sabemos que na casa de seu pai nada havia além de superstições, cujo país era totalmente corrupto. Esta pobre mulher, ainda que em sua juventude não conhecera a Deus, não obstante se tornara uma boa aluna e se deixara instruir pelo Espírito Santo de tal modo, que excedera a seu esposo. Ora, por essa causa, também aqueles a quem Deus estende a mão em tempo, e a quem ele soergue, se tornam um espelho para outros. Aprendamos sempre a andar com maior prudência. Por quê? Porque basta apenas um passo em falso para fazê-los cair tão grosseiramente, que todos se envergonharão deles.
E por isso aprendamos que, a despeito de nosso Senhor geralmente haver-nos planejado e formado, por meio de seu Espírito Santo, de tal modo que todos nutram por nós admiração, contudo em casos particulares ainda podemos ofender. Portanto, estejamos sempre em alerta. Além do mais, aqueles que são os mais excelentes, quando chegarem a fracassar em algum ponto, que não façam disto um pretexto, a saber, que têm praticado muitos atos bons e dignos de louvor; que não aleguem suas proezas (como dizem), mas que se reconheçam tais como de fato são, e digam: “Bem, percebo que Deus deve reconhecer que sou um homem fraco; e, mais, que em geral eu devo reconhecer que não está nos homens se preservarem, pois basta apenas uma falha de nada para sermos eliminados da Igreja. E, quando nos lançar fora, o que será de nós?”. E assim aprendamos todas essas coisas na pessoa de nosso pai Isaque, quando notamos que ele se deixou cegar de tal modo, e que nunca percebia, a ponto de rebelar-se contra Deus, estimando aquele que este havia rejeitado, e desprezando seu filho mais moço, de quem, não obstante, Deus dera este testemunho: “ele governará sua casa”. Ora, nesse ínterim, ainda que Rebeca fosse bem orientada em seu sentimento materno, e que buscasse obedecer a Deus, contudo não conseguiu evitar que houvesse entre eles alguma disputa; como às vezes sucede.
E isto é o que Moisés afirma: “Isaque amava a Esaú, e Rebeca amava a Jacó”. E, ao falar assim, é como se ele mostrasse que havia alguma desavença em casa, e que não conseguiam manter a concórdia; ou, seja, que o esposo e a esposa amassem seus filhos da mesma forma; como, por natureza, deveriam ter-se inclinado para este ponto; ou, melhor, que soubessem que a vontade de Deus era que depositassem seu amor no mais moço. Ora, somos advertidos a este respeito: que, a despeito de nossos sentimentos estarem bem fundados, e tenderem para um bom fim, não obstante há sempre linhas cruzadas que merecem censura. Quando, por exemplo, busco seguir a Deus e conformar-me plenamente à sua vontade, porém há resistências, e, necessariamente, incorro no desprazer de alguém, e ganho um inimigo em outro, caso eu cumpra meu dever. Semelhantemente, é verdade que o começo será bom, quando eu desejar fazer o bem e olhar somente para Deus. Mas, sempre nos acarretará que, em nosso bom zelo, seremos excessivos demais, e se fomentarão em nós paixões desordenadas. Em suma, para que sejam mais bem orientados e atinjam a perfeição mais plena, é indubitável que neste ponto excedam os limites, e que de fato revelarão que são humanos. E, por mais que suspeitemos de nossos sentimentos, e a despeito de notarmos que o fim não será bom, contudo não cessaremos de cair aí. Além disso, temos ainda uma boa advertência para abandonarmos todas as contradições. Pois não é sem motivo que a Escritura nos exorte com tanta frequência a esta união: para sermos de uma só mente, de uma só boca. Por quê? Porque, quando concordamos dessa maneira, cada um estimula seu semelhante e coopera para conduzi-lo a Deus. Mas, ao contrário, assim que nos desavimos em contendas e porfias, não só um obstrui e impede o outro (como comumente se diz que aí basta um cavalo obstinado para desandar todo o grupo), mas existe uma questão ainda pior, a saber, que, quando nos empenhamos no serviço de Deus, não deixamos de esquecer alguns aspectos, e muitas coisas nos escapam, o que não nos sucederia se nos desvencilhássemos das porfias e contendas.
Esta, pois, é a matéria que temos de aprender. E estes exemplos são vistos diariamente entre nós no seio da Igreja. Pois os melhores servos de Deus, e os que são dotados com as mais excelentes graças, sim, e que se empenham em prol da verdade, contudo nem sempre podem refrear-se para que não se digladiem e se revelem seres humanos; e, contudo, Deus aprova seu zelo e o que fazem. E por que é assim? Porque, visto que têm um bom princípio, e contam com um fim certo, no entanto, como eu tenho dito, há nele sempre debilidade mesclada. Portanto, repito, observemos sempre este fato neste exemplo de Isaque e Rebeca. Além disso, temos de observar ainda que, se algumas vezes não concordamos em tudo, então que encontremos um ponto conveniente, da melhor maneira que pudermos, para nos subjugarmos e nos esforçarmos, para que, não obstante, não permitamos que haja algum divórcio entre nós, nem que haja ruptura fatal. Pois ainda que este fosse um vício notável: que Isaque e Rebeca fossem tão divergentes no amor, e que dividissem seus filhos, contudo continuaram servindo a Deus. E Isaque nunca pretendeu abolir este oráculo, ou, seja, esta mesma resposta que Deus havia dado — que Jacó governaria.
Ora, pois, vemos aqui como o esposo e a esposa se digladiam, e isso numa matéria tão importante, a respeito da qual depende a salvação do mundo. Pois a questão, aqui, é sobre a eterna eleição divina, questão esta pertencente a toda a Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo, que é a Cabeça dela. E eis que surgem algumas controvérsias distorcidas entre Isaque e sua esposa. No entanto, isto não significa que Isaque subverteu tudo; porém não entendida e em seu íntimo se sentia confuso. Assim, pois, quando, por ignorância e erro, algumas vezes suceder que nos sintamos perturbados, e que o diabo nos arroje a seus pés, e que não sejamos capazes de falar com uma e a mesma boca, não obstante devemos ter sempre em mente o principal, ou, seja, devemos concordar sempre nisto: que temos Deus por nosso Pai, e que sabemos não haver verdadeira e santa unidade senão em Jesus Cristo; que mantemos, repito, os princípios de nossa fé. E, se não pudermos compreender todas as coisas tão distintamente quanto desejaríamos, a ponto de os ignorantes e fracos serem humilhados, mas que não sejam desencorajados. Da mesma forma, que sejam mais prontos a suportar os fracos, esperando que Deus os aprimore e receba deles estas opiniões sobre as quais são tão atribulados. Isto é o que Paulo afirma aos filipenses. Pois ele mostra como devemos viver unidos, e qual é o vínculo de nossa concórdia e fraternidade. Ora, havendo mostrado a conclusão a que ele chega, isto é, que por isso não deve haver entre nós diversidades de opiniões, e que nossas palavras igualmente não sejam divergentes. No entanto (diz ele), se não podes atingir tal perfeição, e que alguns caminham como se fossem aleijados, e não podes alcançar outros, os quais não são rápidos demais para compreender tudo: “Espera [diz ele] até que Deus to revele”.
Notemos, pois, a primeira coisa que temos de fazer; a saber, concordar na pura e simples verdade de Deus. Mas, visto que, à primeira vista, não é dado a todos possuir certo entendimento de todos os pontos da religião, daí, se existir alguma ignorância, então que estendam sua mão àqueles que são excessivamente enfatuados; sim, que atentem bem para que, de sua parte, não sejam voluntariosos. Pois algumas vezes, sim, mui comumente alguém verá que os mais cegos são os mais ousados e mais afoitos; e, mais, são de uma obstinação tal que ninguém consegue levar qualquer vantagem sobre eles. Paulo, porém, para remediar este mal, diz: “Espera até que Deus to revele”. Portanto, é isto que temos de aprender; mas, lembremo-nos também aquilo que ele estabelece, a saber, que, quando concordarmos com nosso Senhor Jesus Cristo, e quando nada mais nos importa senão sua glória, isso sempre manterá nosso curso; e se houver alguma pequena intriga, que tal coisa não nos separe uns dos outros. Porquanto bastará que tenhamos esta chave, ainda quando em muitas outras coisas não sejamos tão resolutos quanto deveríamos ser. Contudo, baste-nos que não nos retratemos totalmente, nem nos afastemos de nosso Senhor Jesus Cristo. Além disso, quando nos inclinarmos para sua glória, todos saberão, sim, os mais solícitos, que ainda estão muito longe. Por que razão os que são eruditos e exercitados nas Escrituras desdenham de seus irmãos, só porque percebem que são ignorantes? É porque lhes parece que nada existe que não tenham. Mas, se soubermos o que significa aspirar a nosso Senhor Jesus Cristo, e como alcançar a glória de sua ressurreição, diremos sempre com Paulo, que ainda não o atingimos. Quando, pois, todos souberem que ainda há algo que não possuem, então não nos prejudicarão, e já não acharemos estranho tê-los como irmãos, ainda quando estejam longe.
Avancemos ainda mais. É verdade que há grande diferença entre aqueles que possuem o dom de interpretar as Escrituras e os que são pobres e simplórios. Eles saberão sobejamente que existe um Deus, que é seu Pai por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, porém ainda não podem abordar um texto da Santa Escritura; e, não obstante, não conseguem sair da mesma vereda; e os que são os mais avançados, embora cheguem depressa ao alvo, contudo devem esperar sempre pelo outro. Observemos, pois, o que temos de fazer, conforme nos é mostrado, e como podemos aprendê-lo, mediante o exemplo aqui evocado.
| Agora, porém, curvemo-nos diante da majestade de nosso Deus, em reconhecimento de nossas falhas, orando a ele para que de tal maneira nos faça senti-las, que doravante elas nos causem desprazer, e para que tenhamos sempre um olho em nossa condição, a qual é excessivamente miserável, a fim de buscarmos refúgio em sua misericórdia; e assim lhe será agradável receber-nos nessa misericórdia, e então governar-nos por seu Santo Espírito, e podermos desvencilhar-nos de todas as paixões terrenas. E, visto que há tantos vícios que se acham ocultos em nosso íntimo, que sejamos ainda mais diligentes em examinar-nos, e lutemos arduamente contra tudo quanto nos impeça de dedicar-nos totalmente ao seu serviço, para que, entrementes, saibamos que ainda está longe que nossos conflitos mereçam sua aprovação, contanto que doravante ele suporte nossas fraquezas. E também para que possamos recorrer ao seu poder, tendo consciência da necessidade que temos de ser socorridos por ele; e que por este meio aprendamos tão-somente a regozijar-nos nele, sem nutrir dúvida alguma de que, tão logo ele nos estenda a mão, também continuará a fortalecer-nos mais e mais, até que tenhamos vencido tanto o diabo como todos os assaltos que porventura nos atinjam etc. |
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About Sermões Sobre Eleição e ReprovaçãoEsta coletânea de sermões a partir do livro de Gênesis lida com um tema glorioso que, ao longo das eras, tem sido por vezes mal interpretado e ignorado da maneira mais injusta, e, na maioria dos casos, vergonhosamente negado e combatido. Calvino conduz o leitor destes sermões ao entendimento correto dessa doutrina profunda, fazendo com que encare a verdade bíblica da soberania do Criador e compreenda que Deus é Deus, de modo que não precisa apresentar justificativas ao homem nem lhe explicar o poder que o Oleiro tem sobre o barro, quando molda, para desonra, os vasos de ira preparados para a destruição. Embora nem todos os sermões tratem explicitamente sobre a predestinação, todos eles são profundamente doutrinários e práticos. Ao longo de todas as exposições, assim como em toda a teologia de Calvino, encontra-se o tema que perpassa todas as coisas: a soberania do Deus e Pai de Jesus Cristo. Esta soberania é o propósito e poder divinos governando todas as coisas que acontecem, a desobediência do réprobo e, de igual modo, a obediência do eleito, tudo para a glória de Deus na salvação da igreja de Jesus Cristo. Seguindo o apóstolo Paulo em Romanos 9, João Calvino via na história inspirada de Jacó e Esaú a revelação da predestinação eterna de certos indivíduos para a salvação, e de outros para a danação eterna. |
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